sábado, 20 de agosto de 2011

RECEITUÁRIOS NAS CASAS ESPÍRITAS - J. Raul Teixeira


Raul Teixeira: Quanto aos receituários, os Espíritos (segundo O Livro dos Médiuns) trabalham com o laboratório do mundo invisível. Diz Allan Kardec que os Espíritos não têm nenhuma pretensão de competir com os farmacêuticos e inventores de reconstituintes da Terra (O Livro dos Médiuns, cap. VIII, questão 13.ª, nota de Kardec), o que nos permite entender que o trabalho de lidar com as dificuldades da saúde humana, de tratá-la e medicá-la pertence à humana medicina.
O receituário mediúnico não deveria ser uma coisa realizada sem sentido, aberta ou escancarada, em que as pessoas com indisposição para ir ao médico, ou as que não desejam enfrentar as filas dos institutos de previdência, ou as que se valem dos motivos mais banais se alistam, por comodidade, no rol dos necessitados e vão ao centro espírita para que os Espíritos as mediquem. Naturalmente, os Espíritos não se negam a dar uma orientação, desde que haja razão de ser no pedido, restando saber se o centro espírita dispõe de um médium receitista conforme manda o figurino, ou se serão pessoas receitando placebos para enganar a boa fé dos consulentes, enquanto as reais enfermidades se vão agravando.

O fato de um médium ser psicógrafo não significa que ele tenha que ser um médium receitista. O receituário mediúnico é uma especialização que pode ser através da psicografia, da psicofonia, da inspiração ou da intuição. Não nos cabe, apenas por querer imitar outros grupos e instituições, "inventar" um médium receitista para atrair multidões, pois não é essa a função dessa expressão mediúnica. As consequências dessa "invenção" costumam ser muito danosas, muito dolorosas mesmo.

Quando se descobre que no centro espírita há médiuns com essa habilidade para o receituário mediúnico, aqueles que conseguem estabelecer contato psíquico com médicos desencarnados em prol dos necessitados humanos, então se deverá providenciar uma reunião para esse mister. O trabalho do médium Chico Xavier nesse caso é um exemplo muito interessante, pois se realizava uma reunião de estudos doutrinários, com os comentários dos participantes, enquanto o médium receitista, no caso, o próprio Chico, era situado numa outra sala, com a ajuda de um auxiliar, a fim de atender às solicitações que lhe chegavam, com os mais variados tipos de solicitação. No caso, deverão ser selecionados os pedidos de orientação para os casos de saúde. As leituras, estudos e comentários ajudarão a criar e a manter o clima de salutar vibração para que o receitista possa atender ao seu compromisso.

Essas atividades de receituário devem ser muito bem pensadas, para que não modifiquemos a proposta da doutrina espírita, em nome de um suposto movimento de caridade. É importante que não desenvolvamos uma ação de "descaridade" para com o Espiritismo, em nome da caridade.

A coordenação dos trabalhos doutrinários do centro espírita deverá persuadir, caso seja necessário, o médium a participar das reuniões de estudos, para que ele não se apresente como um livre atirador, nem fique à mercê dos inimigos desencarnados de todos os que, embora se dediquem ao bem, mostram-se relapsos ou negligentes com suas responsabilidades pessoais. Os médiuns, quaisquer que sejam, não podem visitar o centro espírita somente nos dias de reuniões mediúnicas, alegando não ter mais tempo para as demais atividades da instituição. Se não participa dos estudos, se não desenvolve disciplinas e se não participa de uma obra social em que teria chance de pôr em prática o seu discurso teórico, o resultado será o envolvimento na má inspiração, em razão da fuga deliberada da sintonia dos bons Espíritos. Esses são cuidados cabíveis a uma instituição espírita dinâmica e responsável.






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