Em O Livro dos Espíritos(1), ao apresentar o Espiritismo em seus três aspectos, o Codificador classifica os espíritas em três graus: os que crêem nas manifestações e as comprovam, sendo, portanto, experimentadores; os que percebem as conseqüências morais dessa experimentação e os que praticam ou se esforçam por praticar essa moral. Seguindo a mesma linha de raciocínio, em O Livro dos Médiuns(2), ele propõe uma nomenclatura para cada tipo de adepto, a saber.
* Os que crêem nas manifestações: espíritas experimentadores. Só se importam com os fenômenos e sua explicação científica.
* Os que, além dos fatos, compreendem as conseqüências morais, mas não as colocam em prática: espíritas imperfeitos, que não abrem mão de ser como são.
* Aqueles que praticam a moral espírita e aceitam todas as suas conseqüências: os verdadeiros espíritas ou espíritas cristãos, apresentando duas características básicas: a caridade como regra de proceder e, pela compreensão dos objetivos da existência terrestre, o esforço "por fazer o bem e coibir seus mau pendores"(3)
* Os demasiadamente confiantes em tudo o que se refere ao mundo invisível, aceitando sem verificação ou reflexão todos os conteúdos que lhes chegam ás mãos: espíritas exaltados. Este tipo de adeptos é mais nocivo que útil à causa espírita.
Infelizmente o que o Movimento Espírita nos apresenta, nos dias atuais, é quadro ainda bastante distante do ideal imaginado pelo Codificador do Espiritismo. Diante da nossa experiência nas casas espíritas, podemos afirmar, sem medo de errar, que a maior parte dos seus frequentadores gravitam entre os tipos 2 (imperfeitos) e 4 (exaltados), considerando obviamente apenas os que se dizem Espíritas.
Há poucos do tipo 1 (experimentadores) e a explicação está no direcionamento religioso que o Movimento tem no Brasil, muitas vezes bloqueando pesquisas importantes sob a desculpa destas serem fruto de mera curiosidade. Esquecem que foi justamente esta curiosidade que direcionou a Humanidade a todas as suas descobertas no campo científico. Importante adicionar a esta observação que o ideal sempre será que estas pesquisas venham da própria comunidade acadêmica, que dará credibilidade e isenção aos resultados.
Movendo finalmente o foco para o tipo ideal descrito por Kardec, o tipo 3 (cristãos) observamos que este é o mais escasso de todos, entretanto o mais atuante e o que faz a grande diferença dentro do contexto brasileiro, um país cheio de desigualdades sociais. Lembro de entrevista com o Marcel Souto Maior, ainda na época do lançamento da primeira edição da biografia de Chico Xavier, quando ele comentava que antes de conhecer o Movimento Espírita, achava o assistencialismo um erro, mas ao ver o trabalho “formiguinha” que milhares de casas espíritas realizam em todo o país, reconheceu que há sim um grande valor neste trabalho. Basta imaginar o impacto social que teríamos se todo esse esforço no bem, aos mais necessitados, cessasse de repente. Sem contar ainda o imenso benefício que os trabalhos sérios no campo da desobsessão realizam tanto para os pacientes encarnados quanto para a população de desencarnados que afluem para os centros espíritas em desajuste espiritual.
Este é o estado atual da Humanidade, a maioria de nós ainda encontra-se em uma espécie de “adolescência espiritual”, cheios de si, cheios de “verdades”, mas incapazes de resistir a um chamado dos prazeres fátuos que a vida material nos oferece. Tempos se aproximam em que a minoria tornar-se-á maioria, que a madureza direcionará o Espírito Humano em direções regeneradoras. Cada movimento e grupo de trabalho que hoje se organiza na Terra, objetivando o estudo da natureza sutil do universo, e que usa esses conhecimentos para o crescimento moral de todos é agente do Alto neste processo de transição.
A pergunta que fica então é: “QUE TIPO DE ESPÍRITA É VOCÊ HOJE?”
http://oespirito.wordpress.com/2010/05/02/que-tipo-de-espirita-e-voce/
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