segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Prezados.Irmãos

Há algum tempo visitou uma seção do CEAL uma garota do Rio que fazia doutorado em física na UFRJ e estava em Taubaté. Ao término dos trabalhos procurou-me e perguntou se tínhamos alguma literatura sobre os fundamentos da água fluidificada,
Disse-lhe que nos baseávamos nas obras da Codificação, mas que no momento não tínhamos nada específico sobre o assunto. Expliquei que utilizávamos o mesmo magnetismo descoberto e desenvolvido por Mesmer e que tanto o passe quanto a água fluidificada são terapias comuns nas casas espíritas.
Ela disse: eu sei, mas tudo me parece ritualizado, as pessoas chegam apressadas, sem nenhuma sintonia, tomam o passe e depois a água fluidificada como quem acende uma vela.
Disse a ela que temos uma orientação sobre "preparação para o passe" afixada no salão e que concordava com ela sobre a falta de sintonia e receptividade de alguns "pacientes". Prometi levar alguma literatura científica sobre o assunto, consegui uma boa tese do site "Espiritismo em Profundidade", imprimi e levei a ela na seção do sábado à tarde. Ela leu e deu-se por satisfeita com o retorno, 
Pessoas questionadoras como essa moça nos ajudam a sair de nosso comodismo.
Estou anexando o texto para análise e reflexão dos companheiros.

Um fraterno abraço,

Valdevino Castro

QUESTÕES SOBRE A ÁGUA FLUIDIFICADA

Alexandre Fontes da Fonseca

             
Há ainda um longo caminho de pesquisa científica a ser feito sobre a água fluidificada. Isso porque os cientistas não sabem o que são e como atuam os fluidos espirituais, em termos de Física e Química – seja na água ou em qualquer outra substância. No dia em que a Física reconhecer a existência dos fluidos espirituais, certamente um grande passo terá sido dado para a comprovação da sobrevivência da alma, pois  são eles os elementos que  servem de intermediários entre os seres para a troca de informações,  assim como o ar é para o som. Neste artigo especial para o Jornal Espírita, Alexandre Fontes da Fonseca, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo, analisa o assunto do ponto de vista científico à luz da Doutrina Espírita.

 A água fluidificada é um recurso freqüentemente utilizado em diversas casas espíritas para complementar o tratamento através dos passes. Embora muitos centros espíritas ofereçam um copinho de água ao público após o passe, a utilidade da água fluidificada se verifica em casos de maior necessidade onde, por exemplo, o assistido é incapaz de se manter em equilíbrio espiritual pelo tempo necessário até a próxima sessão de passes. Via de regra, as pessoas não precisam tomar água fluidificada, pois os fluidos recebidos através do passe e das vibrações, ou simplesmente pelo próprio fato de estarem presentes em um ambiente harmonioso, são suficientes para ajudá-las a se manterem em equilíbrio [1]. Apesar de ser inofensiva e benéfica, a distribuição indiscriminada de água fluidificada para o público pode acarretar alguns inconvenientes. Por exemplo [1], criar nos assistidos uma dependência pela água fluídica; começarem os assistidos a trazer grande número de vasilhames para fluidificação; fazer supor que se esteja ministrando algum tipo de substância à água, podendo alguns atribuírem, indevidamente, à água fluidificada que receberam no centro, alguma indisposição que possam vir a ter posteriormente, devido a outras causas particulares. Nunca é demais lembrar que o corpo humano é aproximadamente 70% composto por água que, naturalmente, é suscetível de ser fluidificada pelo contato com os bons fluidos do passe ou de um ambiente harmonioso. Um copinho d’água acrescentaria menos de 1% ao volume de água de nosso organismo.

Aqui, estamos interessados em discutir questões de ordem científica a respeito da fluidificação da água. Encontramos em Kardec várias menções ao fato da água ser uma substância suscetível de se impregnar com fluidos espirituais. Por exemplo, ao analisar a passagem do Evangelho de São João (Cap. IX, vv. 1-34) em que Jesus cura um cego de nascença usando lama formada com sua saliva, Kardec diz (item 25, Cap. XV de A Gênese [2]) que “as mais insignificantes substâncias, como a água, por exemplo, podem adquirir qualidades poderosas e efetivas, sob a ação do fluido espiritual ou magnético, ao qual elas servem de veículo, ou, se quiserem, de reservatório.”

Esse tipo de argumento feito por Kardec é de grande valor científico, porque se baseia nas informações oriundas dos espíritos superiores que trabalharam na Codificação, tendo sido satisfeito o critério do consenso universal. Portanto, não está em questão a nossa certeza de que a água tem a propriedade de absorver os fluidos espirituais ambientes ou conscientemente direcionados a ela. Também não questionaremos a eficácia do uso da água fluidificada no tratamento de determinados tipos de desequilíbrios já que alguns livros como o de Michaelus [3] traz substanciosos exemplos. Desejamos aqui, apresentar, com base em conceitos científicos atuais, algumas questões importantes que possam orientar futuros trabalhos de pesquisa sobre o processo de fluidificação da água. Logicamente, não esgotaremos o assunto, mas os exemplos que apresentaremos servirão de modelo para outros tipos de questionamento. Aproveitaremos, ainda, para comentar sobre a equivocada conclusão de que “o fenômeno de absorção de fluidos pela água foi provado cientificamente” com base nos trabalhos de pesquisa do Dr. Masaru Emoto [4] sobre a formação de cristais de água.

Como ponto de partida para nossa discussão, utilizaremos a seguinte afirmativa de Bezerra de Menezes no livro da referência [5]: “A água, em face da constituição molecular, é elemento que absorve e conduz a bioenergia que lhe é ministrada. ” (Cap. 3, p. 40).

A água é formada por moléculas de H­­­2O que possuem uma estrutura cujo formato depende de uma série de fatores. Quando se lê na afirmativa de Bezerra, a expressão “constituição molecular” o cientista não percebe apenas o fato da molécula de água ser formada por dois átomos de Hidrogênio e um de Oxigênio. O cientista, químico ou físico, levará em conta as diversas propriedades dessa molécula. Por exemplo, as duas ligações O-H formam um ângulo de aproximadamente 104,5º entre si. A distância entre os átomos de Oxigênio e Hidrogênio é da ordem de 10-9m (essa distância é igual a 1 metro dividido por 1 bilhão). Essas características e outras propriedades fazem com que a molécula de água seja polar, isto é, ela possui uma polaridade elétrica. Como conseqüência, as moléculas de água são atraídas umas pelas outras assim como outras moléculas polares são também atraídas ou repelidas pela água. Acrescenta-se a isso o efeito de determinados tipos de condições físicas como a temperatura e pressão, e veremos como um simples copo d’água pode se tornar um sistema bastante complexo. Um dos primeiros questionamentos que um cientista espírita pode fazer é: que fatores relativos à constituição molecular da água são os mais importantes para o processo de fluidificação da mesma?

Antes de pensar em respostas, o cientista buscará mais pistas para o seu trabalho de pesquisa. Encontramo-las na afirmativa citada de Bezerra de Menezes “... é elemento que absorve e conduz a bioenergia que lhe é ministrada”, e que isso ocorre devido à “constituição molecular da água”. Isso nos leva a uma nova pergunta: que fatores relativos à constituição molecular da água permitem que ela possa absorver, armazenar e conduzir algum tipo de energia? Essa pergunta, agora, possui uma orientação para o trabalho de pesquisa.

O físico, por exemplo, lembrará que a teoria quântica prevê que as trocas de energia entre os objetos microscópicos ocorrem através dos quanta, isto é, de pequenos pacotes finitos de energia. Além disso, a energia fica armazenada em cada sistema de acordo com os graus de liberdade que possui. No caso da molécula de água, temos diversos tipos de graus de liberdade. Por exemplo, energia pode ser armazenada através da mudança do ângulo entre as ligações de O-H; através da mudança da distância entre os átomos de Oxigênio e Hidrogênio; através de oscilações diversas entre os átomos que compõem a molécula; através de movimentos de rotação da molécula ou entre partes dela; através de movimentos entre diferentes moléculas; etc.

Todo esse raciocínio decorre de conhecimentos de ordem científica material. Como espíritas, sabemos que os fluidos espirituais estão envolvidos no processo de fluidificação da água. Assim, questões extras surgem à mente do cientista espírita, pois a afirmativa de Bezerra é constituída de conceitos científicos de ordem material. Por exemplo, seriam os fluidos espirituais outras formas de energia que podem ser transformadas em energias materiais conhecidas? Pode o perispírito absorver os quanta de energia materiais armazenadas nos graus de liberdade da molécula de água? Se os fluidos espirituais são formas de energia que não podem ser transformadas em energias materiais, por que a constituição molecular da água, que é uma característica material, favorece a absorção e condução de bioenergia? Por que Bezerra usou a expressão “bioenergia” já que essa palavra possui múltiplos significados? Não é nosso objetivo aqui responder essas questões, pois elas requerem um amplo e minucioso trabalho de estudo, pesquisa e meditação. Em ciência, as respostas jamais são apresentadas com base, apenas, em opinião própria ou intuição. Uma completa explicação de cada resposta precisa ser apresentada.

Cabe aqui um comentário sobre algumas teses baseadas na existência de átomos fluídicos ou do tipo psi. Andrade [6] e Mello [7] defendem a idéia de que as moléculas materiais possuem uma versão psi que existiria em alguma dimensão diferente não acessível aos instrumentos dos cientistas. Existe uma boa lógica em tais propostas, mas devido à dificuldade em verificá-las experimentalmente, o cientista espírita deve tomar cuidado em não considerar esses modelos como base para suas respostas, pois em ciência nunca se utiliza algo ainda desconhecido para explicar uma coisa que ainda é desconhecida.

A seguir, apresentaremos um pequeno comentário originalmente publicado por nós no Jornal Alavanca de Campinas [8] (reproduzido em site) [9]), sobre o valor científico do trabalho de pesquisa do Dr. Masaru Emoto a respeito da formação de cristais de água.
Cristais de água fluidificada: sem valor científico

Um pesquisador japonês, Dr. Masaru Emoto, afirma ter provado que pensamentos e sentimentos interferem no processo de cristalização da água. Ele afirma que a estrutura cristalina da água é afetada pela “energia de vibração” de pensamentos, atos, e até mesmo de palavras e músicas [4,10]. No artigo da referência [8], discutimos a falta de valor científico do trabalho do Dr. Masaru Emoto. Nos baseamos em argumentos de ordem científica e espírita.

Questionamos o fato do Dr. Emoto não ter publicado em revista científica nenhum trabalho sobre processos de cristalização da água, mesmo sem nenhuma relação a aspectos místicos ou religiosos. Emoto divulga seu trabalho através de livros particulares e através de “homepages” próprias [10]. Um artigo publicado em revista científica internacional, mesmo que de parâmetro de impacto relativamente baixo, permitiria que outros pesquisadores e cientistas que trabalham com o estudo das propriedades da água e com processos de cristalização ou congelamento da água, pudessem analisar os resultados do Dr. Emoto e repetir suas experiências para confirmar ou não seus resultados. Um resultado somente é considerado como cientificamente aceito ou comprovado quando outros cientistas obtêm os mesmos resultados através de experimentos iguais ou diferentes.

Questionamos, também, a inconsistência de alguns resultados divulgados pelo Dr. Emoto à luz dos conhecimentos espíritas. Por exemplo, Emoto diz que uma amostra de água cujo recipiente possui uma etiqueta com a palavra HITLER, produzirá cristais com estrutura amorfa, sem padrões de simetria e com aspecto desagradável ao olhar. Se, ao contrário, a palavra for AMOR ou o nome de alguma personalidade boa, como JESUS por exemplo, os cristais que se formam são simétricos e bonitos [10]. Nosso argumento se baseia no fato de que: i) existem pessoas com nome ou sobrenome Hitler; ii) essas pessoas não são más só por causa do nome; iii) as mães dessas  pessoas vibram amor por elas. Um frasco contendo água com um rótulo escrito HITLER, se colocado em presença da mãe de uma pessoa chamada Hitler, por exemplo, vai receber dela vibrações de amor. Se esse frasco for colocado na frente de uma pessoa de origem judia, a carga fluídica será negativa. Portanto, o nome HITLER escrito no rótulo de uma amostra de água não terá efeito sobre a sua cristalização porque esse conjunto de letras não tem valor, se uma mente não lê-las e não houver uma “vibração” direcionada para a amostra de água. Assim, a conclusão de que uma palavra estampada num rótulo tem o poder de influenciar as moléculas de água é ilógica, segundo os princípios espíritas.
Referências
[1] Terezinha Oliveira, Fluidos & Passes, Editora EME  (1995).
[2] A. Kardec, A Gênese, FEB, 36ª Edição (1995).
[3] Michaelus, Magnetismo Espiritual, FEB, 2ª Edição (1967).
[4] M. Emoto, The Message from Water, Vol. I, Ed. Hado Kyoiku Sha (1999).
[5] D. P. Franco, pelo espírito de M. P. de Miranda, Loucura e Obsessão, FEB (1990).
[6] H. G. Andrade, Psi Quântico, Uma Extensão dos Conceitos Quânticos Atômicos à Idéia do Espírito, Ed. Pensamento, 9ª Edição (1993).
[7] J. Mello, O Passe, Seu Estudo, Suas Técnicas, Sua Prática, FEB, 2ª Edição (1992).
[8] A. F. da Fonseca, “Mensagem” dos cristais de água: cientificamente NÃO comprovado!, Jornal Alavanca 489, Janeiro (2004).
[9] http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo172.html
[10] http://www.hado.net e http://thank-water.net


Fonte: Publicado no Jornal Espírita 354, Fevereiro, p. 9, 2005

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