Há algum tempo visitou uma seção do CEAL uma garota do Rio que fazia doutorado em física na UFRJ e estava em Taubaté. Ao término dos trabalhos procurou-me e perguntou se tínhamos alguma literatura sobre os fundamentos da água fluidificada,
Disse-lhe que nos baseávamos nas obras da Codificação, mas que no momento não tínhamos nada específico sobre o assunto. Expliquei que utilizávamos o mesmo magnetismo descoberto e desenvolvido por Mesmer e que tanto o passe quanto a água fluidificada são terapias comuns nas casas espíritas.
Ela disse: eu sei, mas tudo me parece ritualizado, as pessoas chegam apressadas, sem nenhuma sintonia, tomam o passe e depois a água fluidificada como quem acende uma vela.
Disse a ela que temos uma orientação sobre "preparação para o passe" afixada no salão e que concordava com ela sobre a falta de sintonia e receptividade de alguns "pacientes". Prometi levar alguma literatura científica sobre o assunto, consegui uma boa tese do site "Espiritismo em Profundidade", imprimi e levei a ela na seção do sábado à tarde. Ela leu e deu-se por satisfeita com o retorno,
Pessoas questionadoras como essa moça nos ajudam a sair de nosso comodismo.
Estou anexando o texto para análise e reflexão dos companheiros.
Um fraterno abraço,
Valdevino Castro
QUESTÕES
SOBRE A ÁGUA FLUIDIFICADA
Alexandre
Fontes da Fonseca
Há ainda um
longo caminho de pesquisa científica a ser feito sobre a água fluidificada.
Isso porque os cientistas não sabem o que são e como atuam os fluidos
espirituais, em termos de Física e Química – seja na água ou em qualquer outra
substância. No dia em que a Física reconhecer a existência dos fluidos
espirituais, certamente um grande passo terá sido dado para a comprovação da
sobrevivência da alma, pois são eles os
elementos que servem de intermediários
entre os seres para a troca de informações,
assim como o ar é para o som. Neste artigo especial para o Jornal
Espírita, Alexandre Fontes da Fonseca, do Instituto de Física da Universidade
de São Paulo, analisa o assunto do ponto de vista científico à luz da Doutrina
Espírita.
A água fluidificada é um recurso
freqüentemente utilizado em diversas casas espíritas para complementar o
tratamento através dos passes. Embora muitos centros espíritas ofereçam um
copinho de água ao público após o passe, a utilidade da água fluidificada se
verifica em casos de maior necessidade onde, por exemplo, o assistido é incapaz
de se manter em equilíbrio espiritual pelo tempo necessário até a próxima
sessão de passes. Via de regra, as pessoas não precisam tomar água
fluidificada, pois os fluidos recebidos através do passe e das vibrações, ou
simplesmente pelo próprio fato de estarem presentes em um ambiente harmonioso,
são suficientes para ajudá-las a se manterem em equilíbrio [1]. Apesar de ser
inofensiva e benéfica, a distribuição indiscriminada de água fluidificada para
o público pode acarretar alguns inconvenientes. Por exemplo [1], criar nos
assistidos uma dependência pela água fluídica; começarem os assistidos a trazer
grande número de vasilhames para fluidificação; fazer supor que se esteja
ministrando algum tipo de substância à água, podendo alguns atribuírem,
indevidamente, à água fluidificada que receberam no centro, alguma indisposição
que possam vir a ter posteriormente, devido a outras causas particulares. Nunca
é demais lembrar que o corpo humano é aproximadamente 70% composto por água
que, naturalmente, é suscetível de ser fluidificada pelo contato com os bons
fluidos do passe ou de um ambiente harmonioso. Um copinho d’água acrescentaria
menos de 1% ao volume de água de nosso organismo.
Aqui, estamos
interessados em discutir questões de ordem científica a respeito da
fluidificação da água. Encontramos em Kardec várias menções ao fato da água ser
uma substância suscetível de se impregnar com fluidos espirituais. Por exemplo,
ao analisar a passagem do Evangelho de São João (Cap. IX, vv. 1-34) em que
Jesus cura um cego de nascença usando lama formada com sua saliva, Kardec diz
(item 25, Cap. XV de A Gênese [2]) que “as mais insignificantes substâncias,
como a água, por exemplo, podem adquirir qualidades poderosas e efetivas, sob a
ação do fluido espiritual ou magnético, ao qual elas servem de veículo, ou, se
quiserem, de reservatório.”
Esse tipo de
argumento feito por Kardec é de grande valor científico, porque se baseia nas
informações oriundas dos espíritos superiores que trabalharam na Codificação,
tendo sido satisfeito o critério do consenso universal. Portanto, não está em
questão a nossa certeza de que a água tem a propriedade de absorver os fluidos
espirituais ambientes ou conscientemente direcionados a ela. Também não
questionaremos a eficácia do uso da água fluidificada no tratamento de
determinados tipos de desequilíbrios já que alguns livros como o de Michaelus
[3] traz substanciosos exemplos. Desejamos aqui, apresentar, com base em
conceitos científicos atuais, algumas questões importantes que possam orientar
futuros trabalhos de pesquisa sobre o processo de fluidificação da água.
Logicamente, não esgotaremos o assunto, mas os exemplos que apresentaremos
servirão de modelo para outros tipos de questionamento. Aproveitaremos, ainda,
para comentar sobre a equivocada conclusão de que “o fenômeno de absorção de
fluidos pela água foi provado cientificamente” com base nos trabalhos de pesquisa
do Dr. Masaru Emoto [4] sobre a formação de cristais de água.
Como ponto de
partida para nossa discussão, utilizaremos a seguinte afirmativa de Bezerra de
Menezes no livro da referência [5]: “A água, em face da constituição molecular,
é elemento que absorve e conduz a bioenergia que lhe é ministrada. ” (Cap. 3,
p. 40).
A água é
formada por moléculas de H2O que possuem uma estrutura cujo formato depende
de uma série de fatores. Quando se lê na afirmativa de Bezerra, a expressão
“constituição molecular” o cientista não percebe apenas o fato da molécula de
água ser formada por dois átomos de Hidrogênio e um de Oxigênio. O cientista,
químico ou físico, levará em conta as diversas propriedades dessa molécula. Por
exemplo, as duas ligações O-H formam um ângulo de aproximadamente 104,5º entre
si. A distância entre os átomos de Oxigênio e Hidrogênio é da ordem de 10-9m
(essa distância é igual a 1 metro dividido por 1 bilhão). Essas características
e outras propriedades fazem com que a molécula de água seja polar, isto é, ela
possui uma polaridade elétrica. Como conseqüência, as moléculas de água são
atraídas umas pelas outras assim como outras moléculas polares são também
atraídas ou repelidas pela água. Acrescenta-se a isso o efeito de determinados
tipos de condições físicas como a temperatura e pressão, e veremos como um
simples copo d’água pode se tornar um sistema bastante complexo. Um dos
primeiros questionamentos que um cientista espírita pode fazer é: que fatores
relativos à constituição molecular da água são os mais importantes para o
processo de fluidificação da mesma?
Antes de
pensar em respostas, o cientista buscará mais pistas para o seu trabalho de
pesquisa. Encontramo-las na afirmativa citada de Bezerra de Menezes “... é
elemento que absorve e conduz a bioenergia que lhe é ministrada”, e que isso
ocorre devido à “constituição molecular da água”. Isso nos leva a uma nova
pergunta: que fatores relativos à constituição molecular da água permitem que
ela possa absorver, armazenar e conduzir algum tipo de energia? Essa pergunta,
agora, possui uma orientação para o trabalho de pesquisa.
O físico, por
exemplo, lembrará que a teoria quântica prevê que as trocas de energia entre os
objetos microscópicos ocorrem através dos quanta, isto é, de pequenos pacotes
finitos de energia. Além disso, a energia fica armazenada em cada sistema de
acordo com os graus de liberdade que possui. No caso da molécula de água, temos
diversos tipos de graus de liberdade. Por exemplo, energia pode ser armazenada
através da mudança do ângulo entre as ligações de O-H; através da mudança da
distância entre os átomos de Oxigênio e Hidrogênio; através de oscilações
diversas entre os átomos que compõem a molécula; através de movimentos de
rotação da molécula ou entre partes dela; através de movimentos entre
diferentes moléculas; etc.
Todo esse
raciocínio decorre de conhecimentos de ordem científica material. Como
espíritas, sabemos que os fluidos espirituais estão envolvidos no processo de
fluidificação da água. Assim, questões extras surgem à mente do cientista
espírita, pois a afirmativa de Bezerra é constituída de conceitos científicos
de ordem material. Por exemplo, seriam os fluidos espirituais outras formas de
energia que podem ser transformadas em energias materiais conhecidas? Pode o
perispírito absorver os quanta de energia materiais armazenadas nos graus de
liberdade da molécula de água? Se os fluidos espirituais são formas de energia
que não podem ser transformadas em energias materiais, por que a constituição
molecular da água, que é uma característica material, favorece a absorção e
condução de bioenergia? Por que Bezerra usou a expressão “bioenergia” já que
essa palavra possui múltiplos significados? Não é nosso objetivo aqui responder
essas questões, pois elas requerem um amplo e minucioso trabalho de estudo,
pesquisa e meditação. Em ciência, as respostas jamais são apresentadas com
base, apenas, em opinião própria ou intuição. Uma completa explicação de cada
resposta precisa ser apresentada.
Cabe aqui um
comentário sobre algumas teses baseadas na existência de átomos fluídicos ou do
tipo psi. Andrade [6] e Mello [7] defendem a idéia de que as moléculas
materiais possuem uma versão psi que existiria em alguma dimensão diferente não
acessível aos instrumentos dos cientistas. Existe uma boa lógica em tais
propostas, mas devido à dificuldade em verificá-las experimentalmente, o
cientista espírita deve tomar cuidado em não considerar esses modelos como base
para suas respostas, pois em ciência nunca se utiliza algo ainda desconhecido
para explicar uma coisa que ainda é desconhecida.
A seguir,
apresentaremos um pequeno comentário originalmente publicado por nós no Jornal
Alavanca de Campinas [8] (reproduzido em site) [9]), sobre o valor científico
do trabalho de pesquisa do Dr. Masaru Emoto a respeito da formação de cristais
de água.
Cristais de
água fluidificada: sem valor científico
Um
pesquisador japonês, Dr. Masaru Emoto, afirma ter provado que pensamentos e
sentimentos interferem no processo de cristalização da água. Ele afirma que a
estrutura cristalina da água é afetada pela “energia de vibração” de
pensamentos, atos, e até mesmo de palavras e músicas [4,10]. No artigo da
referência [8], discutimos a falta de valor científico do trabalho do Dr.
Masaru Emoto. Nos baseamos em argumentos de ordem científica e espírita.
Questionamos
o fato do Dr. Emoto não ter publicado em revista científica nenhum trabalho
sobre processos de cristalização da água, mesmo sem nenhuma relação a aspectos
místicos ou religiosos. Emoto divulga seu trabalho através de livros
particulares e através de “homepages” próprias [10]. Um artigo publicado em
revista científica internacional, mesmo que de parâmetro de impacto
relativamente baixo, permitiria que outros pesquisadores e cientistas que trabalham
com o estudo das propriedades da água e com processos de cristalização ou
congelamento da água, pudessem analisar os resultados do Dr. Emoto e repetir
suas experiências para confirmar ou não seus resultados. Um resultado somente é
considerado como cientificamente aceito ou comprovado quando outros cientistas
obtêm os mesmos resultados através de experimentos iguais ou diferentes.
Questionamos,
também, a inconsistência de alguns resultados divulgados pelo Dr. Emoto à luz
dos conhecimentos espíritas. Por exemplo, Emoto diz que uma amostra de água
cujo recipiente possui uma etiqueta com a palavra HITLER, produzirá cristais
com estrutura amorfa, sem padrões de simetria e com aspecto desagradável ao
olhar. Se, ao contrário, a palavra for AMOR ou o nome de alguma personalidade
boa, como JESUS por exemplo, os cristais que se formam são simétricos e bonitos
[10]. Nosso argumento se baseia no fato de que: i) existem pessoas com nome ou
sobrenome Hitler; ii) essas pessoas não são más só por causa do nome; iii) as
mães dessas pessoas vibram amor por
elas. Um frasco contendo água com um rótulo escrito HITLER, se colocado em
presença da mãe de uma pessoa chamada Hitler, por exemplo, vai receber dela
vibrações de amor. Se esse frasco for colocado na frente de uma pessoa de
origem judia, a carga fluídica será negativa. Portanto, o nome HITLER escrito
no rótulo de uma amostra de água não terá efeito sobre a sua cristalização
porque esse conjunto de letras não tem valor, se uma mente não lê-las e não
houver uma “vibração” direcionada para a amostra de água. Assim, a conclusão de
que uma palavra estampada num rótulo tem o poder de influenciar as moléculas de
água é ilógica, segundo os princípios espíritas.
Referências
[1] Terezinha
Oliveira, Fluidos & Passes, Editora EME
(1995).
[2] A.
Kardec, A Gênese, FEB, 36ª Edição (1995).
[3]
Michaelus, Magnetismo Espiritual, FEB, 2ª Edição (1967).
[4] M. Emoto, The Message from Water, Vol. I, Ed. Hado
Kyoiku Sha (1999).
[5] D. P.
Franco, pelo espírito de M. P. de Miranda, Loucura e Obsessão, FEB (1990).
[6] H. G.
Andrade, Psi Quântico, Uma Extensão dos Conceitos Quânticos Atômicos à Idéia do
Espírito, Ed. Pensamento, 9ª Edição (1993).
[7] J. Mello,
O Passe, Seu Estudo, Suas Técnicas, Sua Prática, FEB, 2ª Edição (1992).
[8] A. F. da
Fonseca, “Mensagem” dos cristais de água: cientificamente NÃO comprovado!,
Jornal Alavanca 489, Janeiro (2004).
[9]
http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo172.html
[10]
http://www.hado.net e http://thank-water.net
Fonte:
Publicado no Jornal Espírita 354, Fevereiro, p. 9, 2005
Nenhum comentário:
Postar um comentário