Por várias vezes, Chico declinou (fugiu) convite para uma pescaria.
Como houvesse insistência de amigos, acabou por aceitar, a fim de não sustentar uma recusa que poderia magoá-los.
Em bela manhã, reuniu-se o grupo à beira de um barranco no rio. Horas depois, o pessoal havia pescado boa quantidade de peixes.
Quanto ao médium, nem um mísero lambari!
Os peixes passavam junto ao seu anzol sem nenhum interesse, e logo eram fisgados pelos demais pescadores.
Estranho!
Seria um fenômeno mediúnico?
Instado a responder sobre o assunto, Chico explicou:
– É que não coloquei a isca.
– Ora essa, por quê?
– Não queria incomodar os peixes…
A atitude de Chico é típica dos Espíritos evoluídos que vêm à Terra para grandiosas missões em favor da Humanidade.
Eles cultivam o que Albert Schweitzer chamava de Reverência pela Vida.
O notável médico alemão, uma das figuras humanas mais ilustres do século passado, era incapaz de matar uma mosca.
Dirá o prezado leitor que, levada às últimas conseqüências, esse princípio, seria o fim da vida animal na Terra, já que, vertebrados e invertebrados, não nos alimentamos de minérios.
Somos todos heterótrofos.
Fique tranqüilo. É uma palavra grande, não um palavrão.
Heterótrofos são os seres que não conseguem acumular energia diretamente, via luz solar, como os autótrofos (outra palavrona), os seres do reino vegetal.
Heterótrofos, estamos integrados na famosa cadeia alimentar, em que seres vivos alimentam-se de outros tantos.
Os Espíritos superiores vivem em planos mais altos do Infinito, onde não existem os hábitos alimentares que fazem a matança na Terra.
Quando aportam em nosso planeta para gloriosas missões, repugna-lhes a idéia de que devem se alimentar matando seus irmãos inferiores.
Daí essa reverência pela vida, exercitada por figuras inesquecíveis como Chico Xavier e Albert Schweitzer.
Mas, afinal, perguntará você, do que se nutrem os Espíritos que vivem em planos mais altos do Infinito?
Creio que a resposta está com Jesus (João, 4:32-34):
Meu alimento é fazer a vontade de meu Pai que está nos Céus!
A vontade de Deus é que nos amemos uns aos outros, conforme ensinava o Mestre, o que significa que o Amor é o alimento das almas.
E, quanto mais se aproxima o Espírito da perfeição, superando os liames da matéria, maior a sua capacidade de amar, nutrindo-se de amor, em planos onde inexistem as necessidades biológicas, em corpos de densa matéria.
Considerando que somos Espíritos encarnados, obviamente necessitamos de dois tipos de alimento:
Para o corpo, exercitando a heterotrofia...
Para a alma, exercitando o amor.
Quanto a este último, há um detalhe marcante.
Para alimentar a alma, não vale o amor que recebemos. Este apenas alimenta o ego. Só vale o amor que damos, exercitando o empenho de fazer ao próximo o bem que gostaríamos nos fosse feito, como ensinava Jesus.
Assim como é preciso alimentar o corpo, diariamente, é fundamental atender a alma. Pessoas que não o fazem, são subnutridas espiritualmente, habilitando-se a tristezas e angústias, em crônica infelicidade, a anemia da alma.
Por falar nisso, leitor amigo, você já alimentou sua alma hoje?
Richard Simonetti
Livro Rindo e Refletindo com Chico Xavier
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