quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

OS CRISTÃOS BÍBLICOS E OS DOGMÁTICOS ANTIGOS - José Reis Chaves




Há teólogos dizendo que os espíritas seguem os Espíritos dos mortos, e que os verdadeiros cristãos seguem o próprio Deus. Ainda bem que esses teólogos já admitem a verdade bíblica de que os Espíritos dos mortos se comunicam conosco.

Nós devemos saber se os Espíritos são bons ou maus (1 João 4:1). É que os Espíritos que se manifestam são de vários tipos e não o do próprio Deus. E São Paulo chega a dizer que umas pessoas têm o dom de discernir Espíritos (1 Coríntios 12:10). As traduções bíblicas trazem muito a palavra Espírito com a letra inicial maiúscula, como se fosse o do próprio Deus, e com o artigo definido “o”, em vez do indefinido “um”, que, salvo as exceções, é o certo, de acordo com os originais em grego ou hebraico. Assim, o correto seria “um Espírito santo” ou “spiritus bônus”, como diz São Jerônimo na Vulgata Latina, e não o Espírito Santo. E o homem descobriu primeiro os Espíritos dos mortos, depois o de Deus.

A Bíblia está cheia de manifestações de Espíritos, que os tradutores chamam de anjos. Mas a palavra anjo, nos originais em grego (“aggelos”) e em latim (“angelus”) significa enviado, “office-boy” do mundo espiritual. E onde está escrito na Bíblia que esses Espíritos são o Espírito do próprio Deus (chamado de Espírito Santo)? Que se chame o Espírito do próprio Deus de Espírito Santo, tudo bem, pois Deus é o Espírito Santo por excelência, o que, porém, é diferente do Espírito Santo ou Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, do que discordo, embora eu O respeite. Na verdade, o Espírito Santo é o conjunto de Espíritos humanos avançados em evolução, o que todos, um dia, seremos. O Espírito Santo, no fundo, somos, pois, todos nós, embora muitos de nós só nos tornaremos santos mesmo no futuro. Por enquanto, o somos apenas em estado potencial ou como sementes. Somos santuário dum Espírito Santo (1 Coríntios 6:19).

Por serem os Espíritos bíblicos de vários níveis de evolução, muitas passagens da Bíblia não podem ser tomadas como certas. Umas, sim, mas não que o Espírito responsável por elas seja o do próprio Deus, podendo ser de Deus no sentido de ser do bem. E é por isso que temos que examinar os Espíritos, para concluirmos se devemos dar crédito a eles ou não, pois as profecias e revelações são feitas por eles, e muitas delas são falsas, exatamente porque os Espíritos são falsos profetas. (Números, 11:24 a 30; 1 João 4:1; e 1 Coríntios 14:30), lembrando que o médium é também profeta.

Uma polêmica que sempre dividiu os cristãos bíblicos e os dogmáticos antigos é o dogma da divindade de Jesus. De um lado, os teólogos do “partido” dos atanasianos (seguidores de Santo Atanásio) a favor dessa doutrina instituída no Concílio Ecumênico de Niceia (325), e do outro, os contrários, representados pelos teólogos do “partido” dos arianos (seguidores de Ário). E os dogmas eram impostos à força, pois, naqueles tempos passados, a Igreja era unida com o poder civil que lhe dava cobertura nas suas decisões doutrinárias dogmáticas. E toda doutrina que virou dogma, geralmente, é porque é polêmica, e é polêmica porque seu fundamento bíblico é duvidoso, quando não, contrário à Bíblia. Os espíritas preferem a Bíblia aos dogmas. Mas a própria Bíblia tem também as suas contradições, que não podem ser atribuídas a Deus.

Lemos nela que foi Deus que entregou as Tábuas dos Dez Mandamentos a Moisés (Êxodo 24:12). Mas, em outra parte, Atos 7:30, foi um Espírito (anjo) que as entregou a Moisés!



Retirado da Revista "O CONSOLADOR"








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