domingo, 30 de outubro de 2011

FINADOS NA VISÃO ESPÍRITA


O hábito de visitar os mortos, como se o cemitério fosse sala de visitas do Além, é cultivado desde as culturas mais remotas. Mostra a tendência em confundir o indivíduo com seu corpo. Há pessoas que, em desespero ante a morte de um ente querido, o "VISITAM" diariamente. Chegam a deitar-se no túmulo. Desejam estar perto do familiar. Católicos, budistas, protestantes, muçulmanos, espíritas - somos todos espiritualistas, acreditamos na existência e sobrevivência do Espírito. Obviamente, o ser etéreo não reside no cemitério. Muitos preferem dizer que perderam o familiar, algo que mostra falta de convicção na sobrevivência do Espírito. Quem admite que a vida continua jamais afirmará que perdeu alguém. Ele simplesmente partiu. Quando dizemos "perdi um ente querido", estamos registrando sérios prejuízos emocionais. Se afirmarmos que ele partiu, haverá apenas o imposto da saudade, abençoada saudade, a mostrar que há amor em nosso coração, o sentimento supremo que nos realiza como filhos de Deus. Em datas significativas, envolvendo aniversário de casamento, de morte, finados, Natal, Ano Novo, dia dos Pais, dia das Mães, sempre pensamos neles.
COMO PODEMOS AJUDAR OS QUE PARTIRAM ANTES DE NÓS? Envolvendo o ser querido em vibrações de carinho, evocando as lembranças felizes, nunca as infelizes; enviando clichês mentais otimistas; fazendo o bem em memória dele, porque nos vinculamos com os Espíritos através do pensamento. Além disso, orando por ele, realizando caridade em sua homenagem, tudo isso lhe chegará como sendo a nossa contribuição para a sua felicidade; a prece dá-lhe paz, diminui-lhe a dor e anima-o para o reencontro futuro que nos aguarda.
PODEMOS CHORAR? Podemos chorar, é claro. Mas saibamos chorar. Que seja um choro de saudade e não de inconformação e revolta. O choro, a lamentação exagerada dos que ficaram causam sofrimento para quem partiu, porque eles precisam da nossa prece, da nossa ajuda para terem fé no futuro e confiança em Deus. Tal comportamento pode atrapalhar o reencontro com os que foram antes de nós. Porque se eles nos visitar ou se nós os visitarmos (através do sono) nosso desequilíbrio os perturbará. Se soubermos sofrer, ao chegar a nossa vez, nos reuniremos a eles, não há dúvida nenhuma.
ENTÃO OS ESPÍRITAS NÃO VISITAM O CEMITÉRIO? Nós espíritas não visitamos os cemitérios, porque homenageamos os “vivos desencarnados” todos os dias. Mas a posição da Doutrina Espírita, quanto as homenagens (dos não espíritas), prestadas aos "MORTOS" neste Dia de Finados, ao contrário do que geralmente se pensa, é favorável, DESDE QUE SINCERAS E NÃO APENAS CONVENCIONAIS.
Os Espíritos, respondendo a perguntas de Kardec a respeito (em O Livro dos Espíritos), mostraram que os laços de amor existentes entre os que partiram e os que ficaram na Terra justificam esses atos. E declaram que no Dia de Finados os cemitérios ficam repletos de Espíritos que se alegram com a lembrança dos parentes e amigos. Há espíritos que só são lembrados nesta data, por isso, gostam da homenagem; há espíritos que gostariam de serem lembrados no recinto do lar. Porque, se ele desencarnou recentemente e ainda não está perfeitamente adaptado às novas realidades, irá sentir-se pouco à vontade na contemplação de seus despojos carnais; Espíritos com maior entendimento, pedem que usemos o dinheiro das flores em alimento aos pobres. Portanto, usemos o bom senso em nossas homenagens. Com a certeza que ELES VIVEM. E se eles vivem, nós também viveremos. E é nessa certeza que devemos aproveitar integralmente o tempo que estivermos encarnados, nos esforçando para oferecer o melhor de nós em favor da edificação humana. Só assim, teremos um feliz retorno à pátria espiritual.

Compilação de Rudymara - http://grupoallankardec.blogspot.com






terça-feira, 25 de outubro de 2011

AS CORES DAS ROUPAS DOS MÉDIUNS - Raul Teixeira



As cores das roupas que os médiuns estejam usando, interferem na qualidade do fenômeno mediúnico?

Raul Teixeira - Em nada interferem as cores de uso externo do médium na qualidade dos fenômenos mediúnicos. Interagem, isto sim, as “cores” de dentro, o caráter, o modo de ser e de viver de cada um.

Alguma necessidade particular existe para que se recomende aos médiuns o uso de aventais, jalecos ou outras roupas especiais, nos trabalhos mediúnicos do Espiritismo?
Raul Teixeira - À luz do pensamento espírita, nenhuma necessidade existe para o uso de roupas especiais, ou vestes de quaisquer naturezas, nos cometimentos mediúnicos espíritas, que possam designar símbolos ou paramentação inadequada aos eventos doutrinários. Até porque, perante a expressão de Jesus, trazendo-nos a imagem do “túmulo caiado por fora escondendo putrefação na intimidade”, notamos a importância de cada um alimpar-se por dentro, tecendo, com os esforços da sua transformação moral, a anelada “túnica nupcial”, a que Jesus se referiu na parábola do festim de bodas.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

SUICÍDIO - Richard Simonetti


1 – Em circunstâncias adversas, o suicídio é uma saída para algumas pessoas. O que diz o Espiritismo?

Nenhuma religião admite o suicídio, o que demonstra, em princípio, tratar-se de algo contrário às leis divinas. O Espiritismo corrobora essa idéia. Podemos dizer que se trata da pior maneira de morrer. Em qualquer tipo de morte podemos dizer que se cumpriram os desígnios divinos. No suicídio não. Deus não quer que ninguém elimine a própria vida.

2 - Fundamentalistas islâmicos vêm se matando, explodindo como bombas humanas, levando consigo muita gente. E se dizem religiosos...

Não conheco nenhum princípio islâmico que recomende o suicídio ou o assassinato. Os que o fazem são fanáticos movidos a ódio, que é a negação da religiosidade, e por uma profunda ignorância quanto às conseqüências do suicídio.

3 – Quais são essas conseqüências?

Todo ato de violência que cometemos contra nós mesmos, ferindo ou aniquilando o corpo, atinge o perispírito, nosso corpo espiritual. Em lamentável destrambelho, os suicidas são confinados em regiões de tormentos indescritíveis, que segundo eles próprios, não tem similar na Terra.

4 – Todos sofrem na mesma intensidade?

Depende do tipo de suicídio, das circunstâncias agravantes, como é o caso dos homens bomba, ou atenuantes, envolvendo uma depressão grave, um desequilíbrio mental.

5 – A obsessão é circunstância atenuante?

Sem dúvida. Há, inclusive suicídios que se afiguram como verdadeiros assassinatos cometidos por inimigos desencarnados. Envolvem de tal forma a vítima que a induzem a matar-se.

6 – Nesse caso não há responsabilidade da parte do obsidiado?

Sempre há responsabilidade no ato do suicídio. Nenhum obsessor nos obriga ao suicídio. Ele nos induz. A decisão é sempre nossa. Mesmo nos casos de subjugação, em que o obsessor domina a vítima esta tem o instinto de conservação a seu lado e tenderá a resistir, a não ser que a idéia a seduza.

7 – Em incêndios de edifícios tem ocorrido de pessoas presas em andares superiores saltarem para a morte, até a proximidade das chamas. É suicídio?

É apenas um gesto instintivo de fuga. O calor, nessa situação é tão intenso que, literalmente, pode derreter a vítima.

8 – O que podemos fazer pelos suicidas?

Esquecer as circunstâncias de sua morte. Deixar de lembrar deles morrendo em decorrência da auto-agressão. Pensar vivos, no mundo espiritual, e orar muito por eles. Dizem os suicidas que as orações em seu benefício constituem refrigério para suas almas.

9 - Existe o carma do suicídio?
O problema do suicídio não é de carma. Decorre da falta de calma quando não aceitamos as provações humanas.

10 - E se a pessoa tem uma depressão tão forte que não consegue viver, enxergando no suicídio sua única saída?
Seria uma boa saída se a vida terminasse no túmulo. Como não termina, o suicídio apenas abre a porta para um mergulho com sofrimentos maiores.

11 - Aqueles que enfrentam graves depressões parecem não se importar muito com essa perspectiva. Consideram que não pode existir situação pior do que a que estão enfrentando.
Enganam-se. Não há na Terra sofrimento que se compare ao do suicida. O Espírito Camilo Castelo Branco deixa isso bem claro no livro “Memórias de um Suicida”, psicografia de Yvonne A. Pereira, onde descreve suas experiências no Vale dos Suicidas.

12 - É possível alguém ser induzido ao suicídio por um Espírito obsessor?
Sim. Mas é preciso lembrar que os obsessores apenas exploram nossas tendências. Dificilmente conseguirão induzir ao suicídio um coração confiante em Deus, habituado a cultivar otimismo e bom ânimo.

13 - Não há casos de subjugação em que o obsessor sobrepõe-se às reações do obsidiado, precipitando-o no auto-aniquilamento?
Aparentemente, sim. Tenho observado casos de suicídio que mais parecem assassinatos cometidos por Espíritos.

14 - Nesse caso o suicida estaria isento de responsabilidade?
É difícil ajuizar até que ponto ele estava impedido de reagir. De qualquer forma a responsabilidade é compatível com seu grau de maturidade e informação. Há circunstâncias atenuantes, como numa obsessão; ou agravantes, como o fato de estarmos perfeitamente conscientes do que fazemos e das conseqüências.

15 -Como confortar as pessoas que passam pela desdita de um suicídio na família?
É preciso ter sempre presente que o suicida não perde a condição de filho de Deus, nem é confinado em tormentos irremissíveis. Deus não desampara nenhum de seus filhos. O suicida aprende da forma mais dolorosa, mas segundo sua própria escolha, que a Vida deve ser respeitada.


OBSERVAÇÃO: Suicídio é o tema do "O FILME DOS ESPÍRITOS".





terça-feira, 18 de outubro de 2011

A SALVAÇÃO SEGUNDO O ESPIRITISMO



Todos queremos ser salvos. Mas será que paramos para pensar: ser salvos do que, ou de quem? Alguns querem ser salvos deste mundo, achando que a vida é um castigo. Outros querem ser salvos do "demônio" ou do "inferno", como se houvesse, na perfeita Justiça Divina, espaço para seres ou lugares voltados exclusiva e eternamente para castigo, para o mal ou para malfeitores.
A máxima "fora da caridade não há salvação" assenta um princípio universal e abre a todos os filhos de Deus o acesso à felicidade, elucidando a abordagem que Jesus faz da importância da caridade como condição absoluta de felicidade futura (O Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo XV). O dogma "fora da igreja não há salvação" é exclusivista, absolutista e não condiz com a bondade do Pai. "Fora da verdade..." é equivalente ao "fora da igreja...", pois nenhuma seita, filosofia ou religião possui o privilégio de conter a verdade absoluta. A caridade (benevolência com todos, indulgência com as imperfeições alheias e perdão das ofensas (O Livro dos Espíritos, questão 886) está ao alcance de todos: do ignorante ao sábio, do miserável ao rico, independente de qualquer crença particular.
Jesus é um salvador no sentido de que ele veio mostrar e exemplificar o amor, caminho que devemos seguir para a conquista da paz e da felicidade. Essa conquista é resultado de nossas obras: quanto mais orgulhosos e egoístas, mais longe estaremos da meta; quanto mais benevolentes e caridosos, mais nos aproximaremos do Mestre. Se ser seguidor de Jesus fosse o único caminho para a salvação, o que seria dos bilhões de seres que habitam e habitaram o Oriente, onde o Cristianismo é apenas pequena fração religiosa?
Quando raciocinamos profundamente, vemos que uma pequena existência é pouco para aprendermos e vivenciarmos tudo o que necessitamos. As vidas sucessivas (reencarnações) conduzem à lógica de que em cada etapa, em cada encarnação, evolui-se, gradativamente, até atingir a perfeição relativa. Assim, salvação é sinônimo de evolução: o espírito só evolui à medida que aprende a amar ao próximo, minorando suas dores e praticando a caridade. A salvação segundo o Espiritismo é a salvação de nós mesmos, de nossas imperfeições morais. É a superação dos vícios e defeitos, substituído-os por virtudes e qualidades. Cada passo dado nesse sentido aproxima-nos mais de Deus e nos faz ficar mais próximos da felicidade. A “conquista do céu” é a consciência reta e o bem agir.
Se fizermos assim, independente da religião que professamos ou até se não a tivermos, estaremos seguindo a trilha demonstrada pelo Cristo há mais de dois mil anos.

Luis Roberto Scholl

Publicado no Seara Espírita, ano VI, nº 61, dezembro 2003







OS PROBLEMAS QUE ENFRENTAMOS DEVEM SER RESOLVIDOS POR NÓS MESMOS


Das histórias que Hilário Silva reuniu para compor seus dois livros – A vida escreve e Almas em desfile – ambos psicografados pelos médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier, há uma que expressa bem o que muitas pessoas buscam encontrar valendo-se do Espiritismo.
Trata-se do caso José Cardoso, o confrade que insistia, nas sessões mediúnicas de que participava, em buscar ajuda dos mentores espirituais para a descoberta de tesouros ocultos.
A região em que morava fora sede de mineração. Ali haviam sido descobertas arcas antigas e caldeirões recheados de pepitas e moedas. Devia haver, portanto, segundo pensava Cardoso, muito ouro escondido...
A cobiça era disfarçada com o uso de um argumento conhecido: com o tesouro encontrado seria possível realizar muitas obras caritativas...
Segundo o relato de Hilário, o amigo José Cardoso era persistente e não perdia ocasião de propor ao mentor do grupo questões voltadas para aquela ideia, que se lhe tornara obcecante.
O leitor pode imaginar a dificuldade dos mentores espirituais em tratar com semelhantes pessoas. Como responder ao confrade sem causar constrangimento, desapontamento e decepção?
Evidentemente, alguém mais sensato poderia ter lembrado a Cardoso e aos componentes do grupo o que nos ensina a questão 533 d´O Livro dos Espíritos, adiante reproduzida:

533. Podem os Espíritos fazer que obtenham riquezas os que lhes pedem que assim aconteça?
“Algumas vezes, como prova. Quase sempre, porém, recusam, como se recusa à criança a satisfação de um pedido inconsiderado.”

A iniciativa não foi, porém, tomada, o que motivou o mentor do grupo, quando o assunto veio novamente à baila, a dizer-lhe:
– Meu irmão, fique tranquilo. Sua petição é bem inspirada. Sua intenção é construtiva. Indicaremos caminho para um tesouro no chão.
Ao ouvir semelhantes palavras, a pequena assembleia se assustou, receando estivesse ocorrendo uma mistificação. José Cardoso estava, porém, contente.
O mentor então explicou:
– Cardoso, busque o seu quintal. Além do pátio empedrado, depois da cozinha, você vê todos os dias grande mancha de terra escura, que a tiririca está envolvendo. Cave lá, meu amigo.
José Cardoso anotou cuidadosamente a orientação e no outro dia, pela manhã, começou a cavar, e cavou até ficar exausto. Para seu desapontamento, não encontrou sinal nenhum de tesouro escondido.
Na reunião mediúnica seguinte, ele interpelou o mentor espiritual, que lhe explicou que ele cavara muito bem e que o caminho da riqueza estava pronto. E, diante da curiosidade geral, acrescentou:
– Plante na cova rasgada um pé taludo de laranjeira, regue-a e trate-a com amor e, em breve, você terá o tesouro que procura, porque uma laranjeira, Cardoso, é princípio de um laranjal...

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A lição contida na história relatada por Hilário Silva é bem sutil, mas serve de advertência para todos os que esperam encontrar no Espiritismo a solução para os seus problemas de ordem material ou espiritual.
Nos casos de obsessão, é muito comum a família depositar a pessoa perturbada na Casa Espírita e aguardar, de braços cruzados, sua cura.
Os mentores espirituais inspiram-nos, ajudam-nos, estimulam-nos, mas é bom que lembremos que nós é que estamos encarnados e, portanto, a nós compete resolver os problemas advindos de nossa presença neste plano.
Transferir aos protetores espirituais a tarefa que nos pertence é um equívoco lamentável que não se sustenta em nenhum dos ensinamentos contidos na doutrina codificada por Kardec e desenvolvida, entre outros, por Denis, Delanne, Emmanuel, Joanna de Ângelis e André Luiz.

http://www.oconsolador.com.br/ano5/231/editorial.html

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

REGRESSÃO DA MEMÓRIA - Emmanuel



Emmanuel:
Se estais submersos em esquecimento temporário, esse olvido (esquecimento) é indispensável à valorização de vossas iniciativas. Não deveis provocar esse gênero de revelações, porquanto os amigos espirituais conhecem melhor as vossas necessidades e poderão provê-las em tempo oportuno, sem quebrar o preceito da espontaneidade exigido para esse fim.

O conhecimento do pretérito, através das revelações ou das lembranças, chega sempre que a criatura se faz credora de um benefício como esse, o qual se faz acompanhar, por sua vez, de responsabilidades muito grandes no plano do conhecimento; tanto assim que, para muitos, essas reminiscências costumam constituir um privilégio doloroso, no ambiente das inquietações e ilusões da Terra.

Do livro: O Consolador




domingo, 2 de outubro de 2011

ASSUMA-SE ESPÍRITA! - Divaldo Franco




Uma atitude desculpista
Ouvimos pessoas dizerem: “- Bem, eu estou no Espiritismo faz dez anos, mas ainda não sou espírita. Eu sou neófito (aprendiz).”
É uma atitude desculpista porque, para ser espírita, basta adotar os postulados da Doutrina Espírita: a crença em Deus, na imortalidade da alma, na comunicabilidade do Espírito, na reencarnação, na pluralidade dos mundos habitados, aceitar o Evangelho de Jesus – eis aí o código que define a criatura espírita. Poder-se-á dizer que não é um espírita perfeito, mas, sim, espírita, por estar esforçando-se para aplicar-se às suas lições. Outros se utilizam de ardis para escamotear o desinteresse pela transformação moral e pela realização de um mundo mais justo, dizendo sempre que são espiritualistas. Mas é óbvio que sendo espírita ele é espiritualista, mas sendo espiritualista não é, necessariamente, espírita. Naturalmente pode ser católico, protestante, budista, islamita; pode estar vinculado a qualquer corrente religiosa que aceite a imortalidade da alma, mas se moureja numa Casa Espírita e adota-lhe o conteúdo, torna-se-lhe exigível a definição, porquanto, uma atitude de comodidade das mais reprocháveis é a indefinição, que permite ao indivíduo enganar-se, na suposição de que está enganando aos outros.
O Apóstolo Paulo, com veemência, dizia: Gelado ou ardente, não morno. Hoje se diz na linguagem política: De um lado ou do outro, não em cima do muro. Aquele que fica no meio é pusilânime, que sempre adere ao vencedor. É um indivíduo neutro, negativo. Não corre riscos, mas também não progride. Não desenvolve a escala de valores éticos. Por isso, o Espiritismo nos impõe compromissos. Esses compromissos são as responsabilidades perante a consciência. É a conscientização da responsabilidade pelo comportamento adotado.
Para que nos tornemos espiritistas, deveremos adotar a qualidade de uma pessoa de consciência. Cabe-nos pensar em parar, ler, e acabar com os mecanismos desculpistas, como: “- Os obsessores não me deixam ler; toda vez que pego num livro, me dá sono.”
Faça-o de pé, leia de joelhos... Quando eu era católico, passava toda quinta-feira santa maior defronte do altar do S. Sacramento, diante da lâmpada acesa, que representava a Eucaristia, de joelhos; quando cochilava, batia a cabeça no altar e acordava. Permanecia bem junto, para estar na vigília, porque eu acreditava que ali estava Jesus Cristo, em corpo e alma, conforme está nos Céus. Era uma questão de coerência. Na hora em que eu deixei de acreditar nessa ingênua informação, nunca mais me ajoelhei; libertei-me.
Devemos buscar a qualificação espírita, e tentar saber, realmente, o que é Espiritismo.
Pessoas há que frequentam uma Casa Espírita a vida inteira, e se nós perguntarmos: “- E Allan Kardec, o que você pensa dele?” “- Eu até já ouvi falar esse nome” – responderão...
Não basta ter ouvido falar nesse nome; é claro que o nome próprio de Allan Kardec é bastante complicado para o nosso idioma: Hippolyte Léon Denizard Rivail, mas o nome Allan Kardec é tão simples! Ele teve a sabedoria de escolher uma antonomásia, um pseudônimo dos mais simples, aquele com o qual codificou o Espiritismo. Muitos dizem, o fundador e até na sua tumba, no cemitério em Paris, no Pére Lachaise, está fundateur, fundador do Espiritismo. Ele não fundou, mas sim codificou, deu um código novo às ideias sempre conhecidas e esparsas, porque sempre houve o Espiritismo, isto é, a comunicação dos Espíritos, à qual ele deu dignidade moral, evangélica.
Deveremos qualificar-nos, esforçar-nos para poder adquirir a consciência espírita, e, claro, procurar melhorar as qualidades morais, sociais, familiares, as funcionais e as de trabalhador da Casa Espírita.
Faz muitos anos, esteve em moda uma colocação, mediante a qual era muito importante a boa vontade, e durante muito tempo, dizíamos: “- Trata-se de uma pessoa de boa vontade”, referindo-nos a alguém... Eu me recordo que, naquele ocasião, os Espíritos me deram um ensinamento muito interessante, afirmando-me que Goethe, o célebre poeta alemão, escrevera que nada pior do que pessoas de boa vontade sem conhecimentos. Atrapalham muito mais do que ajudam.
Os senhores já imaginaram uma porção de pessoas de boa vontade na cozinha sem saber como cozinhar?! Cada uma dando um palpite... ou o mesmo grupo em qualquer outra atividade?!
A boa vontade é um elemento básico, mas não é o fator indispensável. Esse é a qualificação de quem trabalha. Ele pode até não ter boa vontade, mas tendo capacidade produz melhor. A opinião de um técnico, apesar de sua má vontade, porém portador de alta qualificação, evita desastres, e enquanto a colaboração da pessoa de boa vontade, desinformada ou sem qualificação, leva a prejuízos. A qualificação é muito importante. Saber o que fazer e como realizá-lo, para executar bem, é indispensável.
Isso não quer dizer que a pessoa deva ser excessivamente instruída, exageradamente técnica, mas, pelo menos, preparada.
Livro: Novos Rumos Para o Centro Espírita

OBSERVAÇÃO DO GRUPO DE ESTUDO ALLAN KARDEC: Se esperarmos a perfeição para dizermos ser espíritas, não seremos nunca. Pois, quando alcançarmos a perfeição, não seguiremos mais uma religião, ou melhor, um rótulo religioso, porque nossa religião, no plano espiritual, será a prática do AMOR.