Espiritualidade
fará parte de histórico médico daqui a alguns anos, afirma especialista
Há algum tempo, hospitais e médicos vêm utilizando a espiritualidade
como aliado no processo de cura do paciente. Apesar de ser um assunto polêmico,
muitos pesquisadores já apontam um papel positivo da espiritualidade e
religiosidade em doenças coronarianas, hipertensão arterial, ansiedade,
depressão, função imune e mortalidade em geral.
“De uma maneira geral, as pessoas interpretam todos os acontecimentos de
sua vida sob uma visão espiritual e conhecer e respeitar esta interpretação é
de grande ajuda para o doente e para o profissional que o assiste”, acredita
Islan Nascimento, otorrinolaringologista e presidente da Associação
Médico-Espírita da Paraíba.
Segundo ele - que coordenará um encontro sobre o assunto a partir desta
quinta-feira (7) - o tema vem ganhando cada vez mais destaque. Para se ter uma
ideia, de 1980 a 1982 o tema foi pesquisado e publicado em 101 artigos de
revistas indexadas. De 2003 a 2005, foram 1,8 mil. Desde 2000, foram quase três
mil artigos. “A medicina é baseada em pesquisas. Há 20 anos, ninguém
questionava o paciente sobre seu histórico sexual. O tema era visto como algo
particular. Hoje, é procedimento-padrão. Daqui a 20 anos isso acontecerá com a
espiritualidade, que vem conquistando espaço nos consultórios e até na vida de
artistas", complementa Islan Nascimento.
É o caso, por exemplo, do ator Reynaldo Gianecchini. Na luta contra um
câncer linfático, o ator global decidiu aliar o tratamento convencional ao
espiritismo, e parece não ter se arrependido. Em várias entrevistas concedidas,
Reynaldo Gianecchini afirmou que o procedimento o deu forças para lutar pela
cura, com tranquilidade.
E o ator não está sozinho neste pensamento. Segundo a revista Veja,
cerca de 80% de pacientes vítimas de câncer no Brasil, recorrem a medicinas
alternativas, geralmente ligadas à religiosidade, para complementar o
tratamento alopático.
"Os dados são reais, mas só recentemente a medicina passou a
reconhecer a existência de tais práticas", afirma Islan Nascimento, antes
de concluir: "Existem estudos comprovando que a fé tem efeitos positivos na
saúde das pessoas. Esses pacientes se sentem mais otimistas em relação ao
sucesso dos tratamentos convencionais e, assim, além de se cuidarem mais, eles
colaboram mais com os médicos. O objetivo é sempre usar o melhor da medicina
convencional e o melhor da medicina complementar em defesa do doente".
Encontro nesta quinta abordará saúde e espiritualidade
Deixando de ser apenas "teoria" para se tornar realidade, a
espiritualidade no processo de cura virou assunto sério nos consultórios e até
de encontros científicos. A exemplo do 7º Encontro das Associações
Médico-Espírita do Norte e Nordeste (Encontrame), que será realizado em João
Pessoa, entre quinta e sábado desta semana, na Federação Espírita da Paraíba,
na Torre.
Voltado para médicos, estudantes e profissionais de saúde e aberto ao
público em geral, o encontro trará à capital paraibana, a presidente da
Associação Médico-Espírita do Brasil e Internacional, Marlene Nobre. A médica,
que trabalhou com o médium Chico Xavier, ministrará a palestra de abertura do
evento (Atualidade Científica na obra psicográfica de Chico Xavier), às 20h30.
Durante os dias do evento, especialistas da Paraíba, Pará, Ceará,
Alagoas, Pernambuco, Piauí, Minas Gerais e São Paulo abordarão assuntos
relativos ao tema central: "Saúde, Ciência e Espiritualidade". Entre
eles, aborto do anencéfalo, células-tronco, Experiência de Quase Morte e
Transtorno Bipolar.
ATIVIDADES
PARALELAS
Paralelamente ao Encontro também serão realizados a 2ª Jornada
Médico-Espírita Paraibana e o 1º Encontro Acadêmico em Saúde e Espiritualidade.
Na ocasião, alunos universitários poderão apresentar trabalhos científicos
sobre o tema. Os melhores trabalhos serão publicados na revista do Centro de
Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
O 7º Encontro das Associações Médico-Espíritas do Norte e Nordeste está
sendo promovido pela Associação Médico-Espírita da Paraíba e pela Associação
Médico-Espírita de Campina Grande, em parceria com a Unimed JP e com outras
instituições do Estado.