As destruições naturais ocorrem para renovar a atmosfera do planeta; para conter os desajustes da criatura humana (com a Natureza, com o corpo físico, com a negligência política, etc.); para que as vítimas, desencarnadas e encarnadas, tornem-se mais solidárias e menos envolvidas com as ilusões do mundo ou para que resgatem débitos do passado.
Não é preciso grande esforço de raciocínio para perceber que a AIDS, por exemplo, representa uma resposta da Natureza aos abusos cometidos pelo Homem nos domínios do sexo, a partir da decantada liberdade sexual, na década de sessenta. Talvez a AIDS faça parte de um elenco de medidas renovadoras que preparam a civilização do terceiro milênio.
Mas é oportuno recordar que determinados surtos de progresso para a humanidade são marcados por flagelos terríveis que dizimaram populações imensas. Exemplo típico foi a Peste Negra, no século XIV, enfermidade mortal provocada por um bacilo que se instalava nos aparelhos digestivo e circulatório, eliminando suas vítimas em poucos dias. Disseminada pelo Oriente e pela Europa, exterminou perto de vinte e cinco milhões de pessoas, em plena Idade Média, um período de obscurantismo, em que a civilização ocidental parecia imersa em trevas. No entanto, após a Peste Negra floresceu o Renascimento, um abençoado sopro de renovação cultural e artística, como o alvorecer de radioso dia precedido de devastadora tempestade noturna.
(Richard Simonetti)
OBSERVAÇÃO: Na tragédia do Haiti, que ocorreu há um ano, não há quem culpar diretamente. Os terremotos são fenômenos naturais. As chuvas abundantes no Brasil também são naturais, entretanto, o impedimento da água ir embora quando chega ao solo ocorre pelo erro humano de juntar lixo nos bueiros, além da gestão pública não planejar o escoamento de grandes cidades como São Paulo.
No caso de Angra dos Reis, o ano passado, e no Rio de Janeiro recentemente, a situação era evitável. O homem, por não ter onde morar, arrisca construir nas encostas e morros. Outros constroem pousadas e restaurantes explorando a bela visão dos morros ou da beira do mar. Qualquer geólogo sabe que esses locais são inapropriados para a habitação humana. Com o excesso de chuvas e o desmatamento o morro não agüenta a água acumulada então os desmoronamentos ocorrem sem piedade.
A cidade histórica de São Luiz do Paraitinga também foi castigada o ano passado. Além de mortes, vários documentos históricos foram perdidos e a igreja central veio abaixo. Os especialistas do Vale do Paraíba disseram que não era possível evitar a tragédia e a região faz planos para o futuro próximo como a instalação de um sistema de telemetria, para monitorar os níveis do Rio Paraitinga e também a implantação de bacias de detenção nos afluentes dos rios.
A palavra certa para isso é Planejamento.
Então, estas tragédias devem servir para despertar a obrigação de cada um com este mundo. Exemplo: não jogar lixo nos rios, córregos e bueiros; não construir em áreas de risco; não devastar a Natureza; ter vontade política para prevenir a morte de muitas pessoas, etc.
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