quarta-feira, 14 de setembro de 2011

VELAS, BANHOS, DEFUMADORES, ETC.... - Divaldo Franco


Observando-se, ainda, no exercício mediúnico, o uso de velas, banhos, pontos traçados, defumadores, gostaríamos de saber as causas e origens, bem como os inconvenientes de tais práticas.

Divaldo - Há dois fatores atávicos. O fator ancestral religioso, herança das doutrinas ortodoxas que estabeleceram no culto a preservação de luzes para a adoração espiritual, e o fator sociológico-antropológico, especialmente nas Américas, já que, de certo modo, somos legatários das tradições africanas. A própria antropologia religiosa dos povos de Angola, Cabinda e de outros que vieram para cá desenvolveu em forma de automatismo um animismo-mediúnico como meio de intercâmbio com o mundo espiritual. No Brasil, em particular, somos herdeiros inevitáveis dos cultos animistas, que os antigos escravos das gerações passadas introduziram em nossa formação religiosa, associando-se ao culto externo do catolicismo, que a partir do século 4º introduziu o uso de velas, incensos, flores, vestuários das tradições pagãs. É inevitável que muitos espíritos, “que são as almas dos homens”, e que estavam acostumados a tais tradições desses cultos religiosos, retornem do alémtúmulo fazendo essas recomendações absurdas quanto a uma aparente necessidade de manifestações externas, solicitando que se mandem celebrar missas, que se acendam velas, que se queimem defumadores, que se traga o turíbulo para o incenso, em razão da crença fundada na eficiência dessas fórmulas.
A Allan Kardec não passou despercebida essa questão, tanto assim que ele a introduziu em O Livro dos Espíritos, quando abordou o tema “fetichismo”, demonstrando que os Espíritos Superiores e os espíritos, na sua generalidade, desprezam e ridiculizam as fórmulas externas de nenhuma validade para a pro-moção moral do ser. Também há o atavismo religioso, que mantém, na sua liturgia, a presença indispensável desse culto exterior.
O Espiritismo é a doutrina da integração da criatura com o Criador, através da sua liberdade com responsabilidade, da sua conscientização de deveres, a fim de que possa fruir de paz, de esperança e de felicidade. Qualquer manifestação de culto externo, por desnecessária, é de segunda ordem, não merecendo maior consideração, no que tange à educação o mediúnica.
A educação mediúnica exige, em primeiro plano, o conhecimento pelo estudo da mediunidade. A seguir, a educação moral, e como conseqüência, o exercício e a vivência da conduta cristã. Cristã, porque é o amor na sua expressão mais elevada, quando o indivíduo se encontra consigo próprio.
Michael Quoist, sacerdote francês, tem um pensamento que se adapta à questão. Diz ele, em outras palavras: “Eu Te procurei e fugi do mundo para entrar em contato Contigo, abandonei-me a mim e a meus irmãos, mas não Te encontrei; quando me voltei para a ação da caridade ali me deparei Contigo, com o meu próximo, comigo mesmo, assim encontrando-nos os três.” É necessária a educação intelecto-moral que está implícita na resposta do Espírito da Verdade: - “Espíritas! amái-vos. Espíritas! instruí-vos.” Instruir no século 19, tinha a abrangência do moderno verbo educar, que é adquirir hábitos e conhecimentos. Através dos hábitos salutares do estudo e do exercício do amor, o médium se libera de quaisquer atavismos para fazer-se ponte entre ele, a criatura, e o Criador, sob a inspiração dos Espíritos Superiores.






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